Vírus Zika e as conseqüências no recém nascido.

  • 28 Fevereiro 2024

Outra doença transmitida por mosquito é a Zika.

Causada por um vírus que também é transmitido pela fêmea do Aedes Aegypti. Porém, esse vírus causa sintomas mais brandos que o vírus da Dengue. Os sintomas mais comuns em crianças é a coceira pelo corpo acompanhada de manchas vermelhas, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés, além de conjuntivite e dor no corpo, embora mais leve que a da dengue. A febre nem sempre está presente. Aqui as manchas no corpo aparecem com frequência muito maior do que na Dengue e na Chikungunya.

Caso o médico solicite exames laboratoriais, teremos o leucócitos baixos, típico de infecção viral, mas as plaquetas e os linfócitos são normais.

Uma complicação associada à infecção pelo Zika é Síndrome de GuillainBarré, que se trata de uma paralisia flácida que inicia acometendo ambas as pernas e pode evoluir de forma ascendente. É uma doença grave, mas que tem cura.

O maior problema causado pelo vírus Zika, é quando a infecção é adquirida durante a gestação. Neste caso há grandes chances de o bebê nascer com a Síndrome congênita do Zika. Ocorre que o vírus Zika tem uma predileção pelas células do sistema nervoso e isso interrompe a proliferação, migração e diferenciação neuronal, o que retarda o crescimento cerebral e reduz a viabilidade das células neurais.

A infecção durante a gestação pelo Zika também está associada a abortamento e morte neonatal.

Essas malformações são mais proeminentes quanto mais precoce for a infecção, ou seja, as gestantes que foram infectadas no 1º trimestre de gestação tem maior risco de o bebê ter malformações e desenvolver a Síndrome.

As malformações mais comuns relacionadas à infecção congênita pelo vírus Zika são microcefalia (cabeça menor que o normal para a idade gestacional de nascimento), calcificações subcorticais (calcificação no cérebro), alterações cerebrais, contratura nas articulações (artrogripose), malformação craniana (craniosinostose), deformações relacionadas à falta de movimentação fetal, nascimento de bebês pequenos para idade gestacional (PIG), entre outras anormalidades.

Em relação ao aleitamento materno no bebê que nasceu com Síndrome Congênita do Zika, ela pode ser realizada normalmente desde que o bebê esteja apto para mamar. No caso da mãe que amamenta e adquire a doença Zika, ela pode continuar amamentando seu bebê normalmente sem nenhum risco de infecção para o bebê.

Como fazemos o diagnóstico da Síndrome Congênita do Zika?

Na suspeita de infecção materna durante a gestação e um bebê que nasceu com as características clínicas acima, solicitamos exames de imagem para avaliar o crânio, o cérebro e as articulações, além de RT-PCR (em amostra de sangue, urina e líquor) e dosagem de anticorpos da classe IgM para pesquisa do vírus Zika.

Na detecção do material genético viral via RT-PCR confirmamos o diagnóstico de infecção congênita pelo vírus.

Confirmada a infecção esse bebê receberá uma avaliação auditiva e oftalmológica para verificar surdez e alterações visuais, além do seguimento com pediatra, neurologista, fisioterapeuta, entre outras terapias complementares que haja necessidade, a depender das malformações apresentadas.

Como nos proteger de ser picados pelo mosquito?

É preciso fazer controle da proliferação deles fechando caixa d'água, eliminando recipientes que acumulam água parada, fazer limpeza constante de bebedouro de animais, colocando telas nas janelas, mosquiteiros sobre o berço de bebês e aplicando repelentes.

Veja como se proteger da picada de insetos aqui.

Referências:

1) ) Congenital Zikavirusinfection: Clinicalfeatures, evaluation, and management oftheneonate. Disponível em:

https://www.uptodate.com/contents/congenital-zika-virus-infection-clinical-features-evaluation-and-management-of-the-neonate?search=zika&source=search_result&selectedTitle=2~111&usage_type=default&display_rank=2

Este artigo foi escrito para fins informativos e não substitui a consulta médica. Consulte sempre um pediatra qualificado para ter o diagnóstico e tratamento individualizado.


Sobre a autora

Doutora Alyne Brisotti

Pediatra engajada em aleitamento materno, focada no cuidado com o neurodesenvolvimento infantil e defensora de uma infância natural e saudável